FOTO: WESLEY SANTOS |
Quando o técnico René Simões afirmou que os problemas de Jobson no Bahia não eram as drogas, ele não estava tentando desviar o foco ou encobrir qualquer deslize do atacante. As falhas do jogador, de fato, estavam fora das quatro linhas, mas não tinham relação com a dependência química. O acompanhamento periódico, feito pelo Departamento Médico do Bahia, comprovou que o jogador não usou drogas durante o período em que vestiu a camisa do clube. Desta vez, de acordo com fontes ligadas ao clube, os problemas eram outros: mulheres, bebidas e dinheiro.
Em campo, Jobson correspondia às expectativas. Fora dele, deixou subir à cabeça a sua importância para o time. O garoto que tinha chegado sorrindo, humilde, se transformou. Foi perdendo o controle. E, de repente, passou a se sentir acima do bem e do mal.
- Ele não soube administrar essa importância. Passou a usar isso como revanche – disse o técnico René Simões.
De acordo com um funcionário do clube, antes da partida contra o Palmeiras, no dia 18 de agosto, em São Paulo, o jogador driblou a segurança e levou uma mulher para a concentração. O fato de dividir o quarto com um companheiro de equipe não foi motivo de constrangimento.
- E ele já havia tentado fazer isso na partida contra o São Paulo – comentou o funcionário, referindo-se ao confronto realizado duas semanas antes, no dia 4 de agosto.
Se o plano de levar uma mulher para a concentração antes da partida contra o Tricolor paulista não deu certo, Jobson cometeu um outro erro. De acordo com informações do funcionário do clube, após a partida, vencida pelo São Paulo por 3 a 0, o jogador desapareceu do estádio. O ônibus da equipe ficou parado por mais de 30 minutos do lado de fora do estádio aguardando pelo atacante. O diretor de futebol do Bahia, Paulo Angioni, entrou em contato com o procurador de Jobson, Antenor Joaquim, para poder encontrá-lo. No entanto, Joaquim garante que tudo não passou de um mal entendido.
- Foi avisado tudo certo. Eu mesmo falei com Angioni. Quem ficou procurando ele foi um jogador ou um segurança que não tinha conversado com Paulo Angioni. Estão procurando justificativas para a saída dele do Bahia. Não tem nada disso, essas fontes estão erradas. Vai surgir um monte de coisa, mas Jobson vai falar no momento certo. Toda história tem dois lados e só um foi ouvido até agora - disse.
Além das tentativas de burlar as regras do clube, Jobson também mostrou, durante a passagem pelo Bahia, que tinha dificuldades para administrar seu dinheiro. De acordo com fontes ligadas ao Bahia, o salário do jogador se esgotava poucos dias após o pagamento.
- Ele sempre pedia vales e adiantamentos para a direção. Gastava tudo em quinze dias – revelou o funcionário.
René Simões confirma que, para Jobson, dinheiro na mão é vendaval. O técnico voltou a comparar o atacante a Garrincha ao comentar suas dificuldades extracampo.
- Ele não tinha preocupação com nada. Por isso, eu o comparo ao Garrincha. Nenhum dos dois tinha a dimensão do que estava vivendo. Ele não se preocupava com as coisas. A única coisa que o deixava nervoso era a falta de dinheiro. Ele ficava transtornado: “Meu dinheiro acabou, estou sem dinheiro”. Tudo o que ele queria era ter dinheiro naquele dia.
Um dos recorrentes pedidos de adiantamento salarial aconteceu na última sexta-feira. Por coincidência, nesse mesmo dia Jobson perdeu o horário e chegou na manhã de sábado à concentração, com sinais de embriaguez. O episódio culminou no afastamento do atacante da partida contra o Santos e posterior desligamento do clube.
Os 110 dias de Jobson como jogador do Bahia ficaram marcados por gols e a alegria de um menino que esperava recomeçar a vida. Mas tudo que conseguiu foi encerrar a passagem pelo clube de forma melancólica, sem sorrisos, sem o grito de apoio da torcida.
FONTE: GLOBOESPORTE.COM
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